Avaliação de bens intangíveis: importância e como é feita

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As organizações são compostas por ativos tangíveis e intangíveis. Por se tratar de bens físicos, o primeiro é mais fácil de ser mensurado, o que torna a prática mais comum.

Mas a avaliação de bens intangíveis também é muito importante e merece a devida atenção, mesmo que seja um pouco mais difícil de ser feita. Afinal, em conjunto com a avaliação dos ativos tangíveis vai garantir uma valoração mais justa do negócio.

Com o crescimento de negócios no modelo SaaS (Software as a Service, ou Software como Serviço), a necessidade de se realizar a avaliação de bens intangíveis tem se intensificado.

Pensando nisso, fizemos este artigo especial para ajudá-lo com essa tarefa. Continue a leitura e descubra, a partir de agora, os principais pontos sobre os bens intangíveis.

O que são bens intangíveis?

CPC 04 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis número 04) caracteriza os ativos intangíveis de uma empresa como propriedade imaterial de valor agregado. Ou seja, são bens não físicos, como direitos de uso, que possuem valor de revenda e geram receitas para o negócio. Alguns exemplos comuns de bens intangíveis são: marcas, softwares, carteiras de clientes ativa, direitos autorais, patentes, metodologias e tecnologias.

Quando a avaliação é importante?

Ter um controle minucioso das particularidades da contabilidade do seu negócio é essencial para a construção do seu planejamento estratégico e o definir o posicionamento da sua marca no mercado. Ela é necessária para atender a empresa em diversas situações. Abaixo, conheça os principais.

Negociações de compra e venda de empresas

Fusões e aquisições são estratégias comuns no meio corporativo e, se a sua empresa não contar com um laudo técnico bem estruturado sobre os ativos intangíveis, terá dificuldades em negociar valores com os investidores interessados. A avaliação visa medir o valor real de mercado dessa categoria de ativos. Dessa forma, quando for vender parte ou toda a empresa, pode fazer ofertas mais certeiras.

Atração do interesse de investidores

Hoje, com a transformação digital e um mundo cada vez mais conectado, soluções em tecnologia como o cloud computing (computação em nuvem) e aplicações em SaaS, muitas vezes, os ativos intangíveis acabam superando o valor dos ativos tangíveis. Eles têm o poder de agregar mais valor à marca.

Um dos principais critérios no momento de decisão de investir ou não em um negócio é o valor que a empresa tem no mercado. Empresas inovadoras e focadas no desenvolvimento sustentável pelo emprego de novas tecnologias tendem a ser mais valorizadas.

Um exemplo prático é a Magazine Luiza. A marca atua no segmento varejista de móveis e eletrônicos e, após o investimento em soluções tecnológicas, viu o valor das suas ações crescer mais 1000% ao longo de 8 anos.

Oferecimento de garantias fiduciárias

De tempos em tempos, empréstimos e financiamentos são realizados para cobrir dívidas e investir em expansão da empresa. Porém, como a prática costuma envolver valores e riscos altos, os bancos solicitam garantias. Nesse caso um laudo avaliação dos ativos intangíveis pode ajudar a liberação de crédito. Então, faça a avaliação também para ter opções de crédito mais relevantes.

Entrada e saída de sócios

A saída de sócios e a entrada de novos configura outra situação comum do mundo corporativo. O problema é que o cálculo da remuneração pode ficar impreciso sem a avaliação dos ativos intangíveis. O mesmo acontece quando a empresa vai abrir capital e criar um sistema de franquias. Todo cuidado é pouco, pois valores altos ou baixos demais podem despertar desconfianças e criar uma imagem negativa para a gestão do negócio.

Fortalecimento da imagem da empresa

Hoje, a geração Z (nascidos em meados da década de 90 até 2010) representa 40% dos consumidores. Uma das características mais fortes nesse grupo é a sua imersão natural no universo digital e a importância que é direcionada a marcas que são disruptivas. Assim, as empresas que investem em ativos tecnológicos intangíveis acabam atraindo a atenção de clientes dessa geração, por exemplo, caso seja esse o objetivo.

Agindo dessa maneira, seu negócio acaba entrando em uma espécie de looping: softwares aumentam o valor dos ativos intangíveis e tornam o negócio mais atrativo, gera mais clientes, que são outra categoria de ativos intangíveis, e valoriza a marca, também parte dos ativos intangíveis.

Dessa forma, a imagem da empresa é fortalecida no mercado, gerando mais oportunidades de negócio: vendas, investimentos, redução de custos por maior poder de compra etc.

Como fazer uma boa avaliação de bens intangíveis?

O laudo de avaliação dos ativos intangíveis representa um documento com validade jurídica e de alta credibilidade para os gestores e diretores da empresa. Nele, é materializada a existência e valor de tais ativos, reunindo dados relevantes. São eles: caracterização, propriedade legal, histórico de titularidade, objeto social, diretrizes, metodologias e objetivos. Mas para isso, precisa considerar determinadas informações. Confira algumas delas!

Valor de mercado

A avaliação de bens intangíveis é importante para que a empresa tenha conhecimento dos valores de seus ativos. Para ativos intangíveis, como por exemplos softwares de “prateleira”, que corresponde ao Windows por exemplo, implementa-se a metodologia de valor de mercado.

Nela, é feita uma pesquisa de mercado para descobrir o valor desses ativos hoje. O objetivo é saber qual o valor investido neles e como representa hoje esse valor em seu ativo. Isso vai depender da lei de oferta e procura, de como está o mercado de tecnologias e dará uma boa indicação do valor real dos bens que a empresa detém.

Fluxo de caixa futuro descontado

Agora, para realizar a análise de viabilidade de investimento do modelo econômico de receita recorrente, que é como funcionam os produtos SaaS, ou para marcas e patentes, é feita aplicando-se a metodologia conhecida como fluxo de caixa futuro descontado ou FDC. Ela também é usada para operações de fusões e aquisições de outras empresas, na compra e venda de ações, na análise de novas oportunidades etc.

Três princípios gerais fundamentam esse critério, são eles:

  • fluxos de caixa de natureza operacional;
  • mensuração do risco, considerando-se as preferências do perfil do investidor;
  • valor presente do ativo com base na taxa de desconto.

Na prática, o fluxo de caixa futuro descontado, além de fazer a projeção do capital em caixa, determina:

  • a taxa mínima de desconto — conhecida também como taxa mínima de atratividade;
  • a estimativa residual — corresponde ao valor do ativo ao longo dos anos;
  • o cálculo do valor da empresa.

Basicamente, o FDC parte do pressuposto que o valor de uma empresa está sujeito ao valor presente dos seus fluxos caixa projetado, descontando-se uma taxa de riscos, que são naturais quando falamos em negócios. Esses riscos também são previsões feitas de acordo com os dados que se têm da operação financeira da empresa.

Apesar de ser a metodologia mais frequente para diagnosticar a qualidade de um possível investimento em uma empresa, o fluxo de caixa descontado é uma metodologia que está sujeita às flutuações do mercado, por isso deve ser aplicada por uma empresa que já tenha realizado essa operação.

Como pode ver, a avaliação de ativos intangíveis é de grande importância para os negócios, mas pode ser mais bem desenvolvida se tiver o apoio de profissionais especializados no assunto. Assim, você manterá atualizada as demonstrações contábeis.

Este post foi útil para você? Então, aproveite e saiba mais sobre quais são os benefícios da gestão de ativos nas empresas! Tenha uma boa leitura!

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