Como sei que meu ativo está depreciando corretamente?
Publicado em 06/10/2022
Vamos falar hoje sobre a depreciação do ativo imobilizado, um tema recorrente em reuniões com nossos clientes e sempre cheio de controvérsias.
Mas afinal não existe uma tabela de depreciação pronta que é somente aplicar em nossa base de ativos? Essa tabela indica a taxa de depreciação fiscal correspondente a cada classe de imobilizado não é mesmo porque tanta dúvida?
Vamos ao conceito contábil de depreciação:
A depreciação é a perda de valor de um bem decorrente de seu uso, do desgaste natural ou de sua obsolescência. Quando é feita a contabilidade das empresas, essa depreciação é registrada como um percentual do valor de aquisição do bem que é descontado ao longo do tempo, de acordo com sua expectativa de vida útil e a classe contábil que este bem está registrado.
Para deixar este conceito mais claro vamos usar o exemplo de um motor.
Um motor foi comprado por R$ 10.000,00 e foi escriturada na conta contábil de máquinas e equipamentos que pela tabela da receita federal possui 10 anos de vida útil. Isso significa que esse motor irá ter uma taxa de depreciação de 10% ao ano, traduzindo em números:
Valor do motor = R$ 10.000,00
Depreciação = 10 anos x 12 meses = 120 meses
Por mês este motor vai depreciar:
10.000,00 / 120 = 83,33
O valor mensal 83,33 x 12 meses = R$ 1.000,00 ou seja 10% do valor de aquisição de R$ 10.000,00
Então mensalmente R$ 83,33 irá ser contabilizado como despesa de depreciação no resultado, abatendo esse valor do lucro da operação.
Agora vemos a importância desse valor ser apurado corretamente porque uma base não possui um único bem e sim todo patrimonio de uma empresa. Talvez 500, 1000, 2000 ou muito mais que essa quantidade de ativos imobilizados cadastrados, sendo depreciados mensalmente.
Para saber se a base está depreciando da forma correta vamos listar aqui 03 fatores que você deve observar
1. Quando foi seu último inventário?
O inventário patrimonial é uma foto do momento que esta sua empresa. Então é com ele que você vai ter dados para saber se seus registros contábeis estão atualizados de acordo com seus bens físicos.
E o que isso quer dizer? Para saber se os seus bens que estão depreciando em sua base contábil existem mesmo, é necessário realizar um levantamento físico para ter certeza de que eles não foram sucateados ou mesmo desativados por obsolescência. Após esse levantamento deve ser verificado se eles estão registrados em seu contábil. Após essa etapa, você consegue ter certeza se sua depreciação está correta.
2. Você já ajustou a vida útil do seu ativo?
Ajustar a vida útil do ativo imobilizado é uma obrigatoriedade do CPC 27 e pode ajudar e muito a ter um maior controle sobre a sua depreciação.
Isso quer dizer que é possível você ajustar a vida útil de seu ativo de acordo com a operação de sua empresa. Vamos ao exemplo do motor, caso o motor trabalhe em dois turnos em céu aberto ele terá uma vida útil diferente de um motor que trabalhe um único turno em um galpão fechado.
Um engenheiro especializado em laudos patrimoniais pode avaliar e ajustar a vida útil de seus bens para que você ajuste a sua depreciação de acordo com a operação de sua empresa.
3. Como está seu processo de gestão do imobilizado?
Movimentar os ativos contabilmente de acordo com sua localização física, realizar as baixas mensais de bens quebrados ou desativados, fazer as transferências corretas são alguns dos processos que envolvem o ativo imobilizado. Ter esses processos implantados e monitorados irá garantir que seus registros contábeis estejam de acordo com os seus bens físicos garantindo que o valor depreciado esteja de acordo com a operação da empresa.
Mesmo existindo uma regra clara para a depreciação não é simplesmente aplicar uma taxa quando o ativo imobilizado é registrado nos livros contábeis. Vimos aqui que são inúmeros os fatores que podem estar refletindo no resultado operacional de sua empresa e que você pode ter o controle porque afinal é o patrimônio de sua empresa.
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Foto de Vitalii Vodolazskyi no Adobe Stock